sábado, 1 de agosto de 2009

De como me tornei turista

Excursões, passeios, city tour, sempre tive convicção de que nada disso prestava. Até descobrir o turista perdido que havia dentro de mim. Depois disso, continuo certo de que excursões, passeios e city tour são uma bosta, mas turismo pode ser legal. Basta seguir a intuição e se concentrar na energia das pessoas e dos lugares.

O que fica, no fim das contas, não são as fotos digitais para pôr no orkut. Mas a longa conversa sobre mulheres que tive com o rondoniense durante a não menos longa caminhada em direção à livraria Cultura. O que fica não são os cartões-postais, nem souvenirs de uma terra distante. São as discussões musicais sobre Elvis, London Calling e Jamie Cullum com o potiguar, à meia noite, em um boteco sinistro na Vila Madalena.

O que fica não são os vídeos de Michael Bublé, mas as duas horas que antecederam o show, em companhia de cinco pessoas - até então desconhecidas - no bar caríssimo do Via Funchal. O que fica não são as roupas que comprei em outra cidade, mas a maneira como aqueles negros e japoneses dançavam samba-rock na Grazie a Dio ou como conheci e fui beijado por três mulheres inacreditáveis, na D Edge.

O que fica, de verdade, não é a conta do cartão de crédito para pagar, mas amanhecer o dia em uma espelunca na Rua Augusta, ouvindo Little Richard e Bob Marley, com a tia oferecendo um cigarrinho da paz de mesa em mesa. O que fica não são os pontos turísticos que visitei ou deixei de visitar, mas as dezenas de casais gays se pegando 'decomforça' no bar homossexual, e a cara de espanto da brasiliense ao presenciar um blowjob no banheiro.

O que fica não é o conhecimento que deveria ter adquirido no Masp, mas as noites geladas na varanda do hostel em companhia do francês, regadas de cerveja e marlboro light. O que fica não é ter ido aos melhores restaurantes, mas ter descoberto a delícia de um sanduíche Subway. O que fica não é ter viajado de avião, mas ter circulado de metrô para ver gente de todo tipo. Não é ter visto, mas sentido São Paulo. Não aquela de que todos falam, mas a que tem a ver comigo. Declaro-me, portanto, turista.

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