segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Elas gostam de fazer programa de quatro

Nas aventuranças noturnas do casal, há aquele momento de chamar outra dupla pra dividir a noite. Alto lá, caubói, nada de suíngue, estou a falar dos double-dates da vida. Geralmente é ideia da mulher, isso de chamar um "casal-amigo" para ir junto. Quando não, o convite parte de lá. Da mulher de lá.

Na hora e no bat-local marcado, a comparação é inevitável. Elas falam dos defeitos e manias deles. Eles comentam as implicâncias delas. Até a calcinha pendurada no chuveiro vira assunto de mesa de bar.

Ainda assim, prefiro um fogo-cruzado desses, correndo o risco de levar uma bala perdida na omoplata da minha auto-estima, do que tirar meia hora de prosa com casalzinho perfeito. Esses, sim, são da pior espécie para se dividir litro de vodka. Com o sorriso colgate-palmolive rasgando o rosto, os dois se gabam mais do que filho de astronauta. É um "meu amor faz isso", "Fulaninha ganhou aquilo", "a gente vai comprar aquilo outro"... Sabe candidato a vereador de primeira viagem? Pois então!

Tem também aquele casal de contrastes, que se completa. Ele, rapaz articulado das ideias, apesar de brucutú malamanhado; ela uma fashionista pintosa, que sabe como vestir do cachorro da madame ao alto executivo, mas é mais burra do que uma porta sanfonada de plástico. Nesse caso, a conversa precisa de tradução simultânea. Tecla SAP neles!

Por último, mas não menos importante, tem o casal cream-cracker com margarina sem sal. Até desce bem com um cafezinho, mas se você reparar direito é um troço sem graça alguma. É do tipo que conversa água, dá beijo e troca carinho pra evitar o silêncio das almas penadas. Se bobear, ela obriga o mequetrefe a decorar as piadas de Jô Soares pra, na hora H, danar o cutucão que precede o esporro: "vai, amor, conta aquela!". Achando pouca a desgraça, o rapazote abilocil, mais sem jeito que padre católico no carnaval de Olinda, começa a anedota e lá pras tantas esquece o final.

É barra de gota, meu prezado. Como consolo, fica a certeza de que tem muito nêgo sofrendo por aí enquanto a gente vai levando na banguela. Bebamos a isso!


* Ilustrando o post, desenho de Erica Eyres nos lembrando um clássico do programa de quatro: a briga de galo.

Um comentário:

  1. HAHAHAHAHAHA!!! Realmente, é isso mesmo! Graças a Deus q tô no momento de levar na banguela!!!

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