Vivemos
a rotina dos contra-sensos. À mercê dos homens de - suposta - boa
vontade, testemunhamos a soma de bananas e laranjas, a mistura de água e
óleo, o processo de enxugamento de gelo. Mas nada falamos. Estamos
paralisados por essa teia de relações, compromissos e necessidades que
nos aprisiona. Apenas seguimos adiante jogando o jogo proposto, segundo
as regras estabelecidas por quem de direito. Eles talvez nem saibam, mas
estão financiando a nossa falta de liberdade, o atrofiamento de nossas
potencialidades criativas, da nossa paz. Não, eles não sabem, porque são
testas-de-ferro escolhidos por gente do mesmo tipo.
Eles
também estão presos. É possível que, ao contrário de nós, vejam um pouco
mais de significado no modus operandi desse conjunto de falhas
inconcebíveis. Foram criados para isso. O absurdo, como vírus, já
entranhou-se em suas veias. Então podemos compreendê-los e, quem sabe,
eximi-los de culpa.
Aparentemente, temos a escolha de não
participar de nada disso. Doce ilusão! Somos direcionados, desde cedo, a
cumprir algum papel nesse carrossel de esquizofrenias. Sim, podemos nos
abster, como também podemos nos abster da vida. Opções há, mas elas
apenas reforçam o contra-senso de nossa rotina.
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