sábado, 23 de julho de 2011

Bifurcação

Trilha a estrada de terra sem saber direito o porque. A certa altura, depara-se com uma bifurcação e não faz ideia de qual caminho seguir. Ambos os lados são péssimas escolhas. Hesita, calcula, pondera, e segue pela esquerda, em uma esburacada via, infestada de matagal, espinhos e galhos. Abre caminho com facão. Sofre. Está exausto. Seu único consolo é saber que se continuasse pela direita, estaria igualmente em apuros, pois toda a região tem acesso complicado. Não consegue respirar. Sente o peso do mundo em seus ombros, até que decide voltar. Percorre o longo caminho até a bifurcação, senta no chão e chora. Um choro de murros na cabeça, sem lágrimas. Não pode retornar a partir dali. O tempo passa, e o sol escaldante não permite passar muito tempo parado. Há de buscar novos sofrimentos no caminho da direita ou voltar aos espinhos de onde veio. Olha a própria imagem refletida no facão, turva pelas incessantes gotas de suor. Até que decide: vai abrir um novo caminho. Está na hora de seguir pelo meio.

Um comentário: